Casamento das Telefonistas e das Enfermeiras

O impacto da Liga Portuguesa de Profilaxia Social ao longo dos seus quase 100 anos de história não se fica pela defesa da saúde pública.
Um dos episódios mais marcantes da sua história abriu caminho à mudança de mentalidades e ao reforço dos direitos das mulheres. O papel da LPPS na campanha pelo casamento das telefonistas e enfermeiras revelou-se vital para uma mudança social.
Durante décadas, as telefonistas da APT – “Anglo-Portuguese Telephone Company” – foram impedidas de casar sob pena de ficarem sem trabalho. O mesmo acontecia com as enfermeiras, uma imposição direta do presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar. A LPPS não cedeu às pressões económicas e políticas e uniu-se à luta destas mulheres pelo acesso à sua dignidade pessoal e profissional.

No caso do Porto, as telefonistas passaram a puder casar no início dos anos ’40. Com essa alteração, aconteceu que, entre 1940 e 1948, só no Porto foram legalizadas 120 uniões, de que existiam 100 filhos.
No caso das enfermeiras, a proibição perdurou até aos anos ’60. A luta da LPPS pela revogação da lei já contava mais de 20 anos. O decreto-lei n.º 44 923, de 18 de março de 1963, vem, finalmente, autorizar o casamento das enfermeiras dos hospitais civis.